política

Briga política leva à exoneração de 8 CCs em Silveira Martins

José Mauro Batista

Foto: Arquivo Pessoal
Prefeito Fernando Luiz Cordero (esq.) e o vice, Julio Cesar Pigatto Viera

Os atritos políticos envolvendo a administração municipal de Silveira Martins estão longe de terminar e, ao que parece, tendem a se agravar. Na última terça-feira, o prefeito Luiz Fernando Cordero (MDB) passou o cargo ao vice, Julio Cesar Pigatto Viera (sem partido), devido a uma licença de 30 dias para tratamento de saúde. Mas ele nem bem começou a gozar da licença e o substituto demitiu os secretários de Saúde, Luiz Skinovski, e de Cultura, Turismo e Desporto, Sadi Tolfo, e a diretora de Turismo, Joseane Cavalheiro.

A reação foi imediata no primeiro escalão, levando os secretários de Agricultura, Silvio Gabbi, e de Infraestrutura e Trânsito, Moisés Ruviaro, a pedirem exoneração. O mesmo fizeram duas diretoras da pasta da Saúde. O acirramento da disputa levou Cordero a suspender a licença e antecipar seu retorno ao cargo para a próxima segunda-feira.

Prefeito de Silveira Martins é enquadrado em CPI que investiga uso irregular de maquinários

- Fiz um procedimento e o médico me deu 30 dias de atestado, mas eu me afastei na segunda-feira devido ao falecimento da minha mãe. Passei o cargo na terça-feira e volto na segunda porque não tem como eu ficar afastado. Ele (vice-prefeito) ataca a equipe e desmotiva os outros. Se eu não voltar, outros sairão - comenta Cordero, que no ano passado, cortou o salário do vice "porque ele não ia na prefeitura".

O corte do salário de R$ 4 mil de Pigatto acirrou as divergências entre prefeito e vice. Pigatto tentou duas vezes, na Justiça, revogar a suspensão do pagamento, mas os pedidos foram negados. Cordero reitera o que disse ao Diário em março deste ano, afirmando que a comunidade estaria "revoltada" pelo fato de o vice receber sem ir à prefeitura. Segundo o prefeito, Pigatto teria participado do governo por apenas dois meses - janeiro e fevereiro do ano passado.

Cordero diz que as exonerações causam despesas ao município, critica uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apontou sete irregularidades na prefeitura e defende sua administração.

- A administração está muito bem, é só deixar o pessoal trabalhar. É muito difícil tirar férias, pois se nem com um atestado e o direito ao luto pelo falecimento de um familiar, há consideração. Abriram uma CPI, mais como vingança - desabafa Cordero, que pretende readmitir todos os exonerados.

O secretário de Saúde, Luiz Sknovski, que já ocupou o mesmo cargo em Santa Maria, atribui a sua exoneração a uma "questão política".

Prefeito de Silveira Martins suspende pagamento do salário do vice

- Não posso dizer o que houve, só recebi a exoneração. É uma coisa pessoal dele, a gente estava caminhando bem forte para a Saúde ficar em condições muito boas - diz Skonovski, que estava na pasta há um ano, após ter trabalhado oito meses como voluntário na cidade.

O Diário procurou o vice Julio Pigatto, mas ele não atendeu as ligações. A esposa dele, vereadora Ana Cássia Scalcon (MDB), desafeta do prefeito, disse, na quarta-feira, que Pigatto estava no interior e que, em princípio, não falaria. Ontem, por meio de Ana Cássia, Pigatto reiterou o que dissera em março. Ele reclama que Cordero "nunca pediu minha opinião" e diz que não concorda com alguns secretários, "pois não fazem o perfil de uma equipe de trabalho". Ele alega que tem outra linha de atuação e que prefere trabalhar "com funcionários de carreira".

CRONOLOGIA DAS DIVERGÊNCIAS

  • Em julho de 2017, o prefeito suspendeu o salário de R$ 4 mil do vice-prefeito, alegando que a comunidade silveirense estava reclamando dele receber sem trabalhar
  • Em agosto de 2017, a Justiça negou o primeiro pedido do vice para ter seu salário de volta
  • Em fevereiro de 2018, em segundo julgamento, a Justiça reiterou a negativa, mantendo suspenso o salário do vice
  • Em março de 2018, o prefeito tirou 10 dias de férias e passou o cargo ao vice, que demitiu o secretário de Administração, ato revogado pelo titular
  • Em 3 de abril de 2018, o vice deixou o MDB
  • Em 16 de abril de 2018, a Câmara de Vereadores aprovou, por 7 a 2, relatório de uma CPI apontando sete supostas irregularidades na prefeitura. Entre os beneficiados, estaria o prefeito, que nega
  • Em 30 de outubro de 2018, o prefeito tirou licença de 30 dias para tratamento de saúde e pela morte da mãe, passando o cargo ao vice, que demitiu 2 secretários e 3 diretoras
  • Um terceiro secretário pediu exoneração por discordar

OS EXONERADOS

Saúde

  • Luiz Skinovsky, secretário, exonerado
  • Karina G. Tondolo, diretora, pediu exoneração
  • Joseane Cavalheiro, diretora, pediu exoneração

Cultura, Turismo, Desporto e Eventos  

  • Sadi Tolfo, secretário
  • Josiane Bovolini, diretora

*Exonerados pelo prefeito em exercício

Agricultura 

  • Silvio Gabbi, secretário

*Pediu exoneração

Infraestrutura e Trânsito 

  • Moisés Ruviaro, secretário

*Pediu exoneração

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